Da Agência Reuters
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) planeja ampliar os testes com uma variedade de trigo geneticamente modificado resistente à seca, afirmou à Reuters o chefe de pesquisa de trigo na estatal, Jorge Lemainski, em entrevista nesta terça-feira.
A ampliação dos testes ocorre em um momento em que o Brasil busca a autossuficiência na produção de trigo, e posteriormente ser um exportador relevante do cereal.
A aprovação histórica para o plantio e venda de trigo transgênico no Brasil, dada na semana pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNbio), significa que a Embrapa pode agora testá-lo em mais cantos do país, disse Lemainski.
Isso permitirá que os pesquisadores brasileiros vejam como as plantas se comportam em diferentes condições, deixando os agricultores do país mais próximos de plantar o trigo transgênico em escala comercial, disse ele.
“Se os testes se mostrarem positivos, que é o que se espera, vamos passar para a fase da multiplicação de sementes para então esta solução tecnológica chegar ao produtor”, disse Lemainski.
Lemainski explicou que, além de testar os materiais transgênicos na região do Cerrado brasileiro, a agência agora também planeja plantá-los em Minas Gerais, como parte dos esforços para observar a adaptabilidade às condições tropicais das sementes de trigo transgênicas desenvolvidas pela argentina Bioceres.
Segundo a Embrapa Gestão Territorial, citada por Lemainski na entrevista, o trigo resistente ao estresse hídrico poderia ser plantado em uma área de até 3 milhões de hectares situados a uma altitude acima de 800 metros. São lugares onde já se planta soja e milho.
Ele disse que o trigo resistente ao estresse hídrico poderia ser uma cultura complementar, a chamada “safrinha” em áreas de sequeiro, sendo plantado após a colheita da soja e do milho no ambiente do Cerrado brasileiro.
O momento ideal para plantar o chamado trigo de sequeiro é entre 1º de março e 10 de abril, disse Lemainski. No entanto, ele observou que o Brasil ainda não possui sementes de trigo transgênico em número suficiente para testes em larga escala.
Seriam necessários cerca de quatro anos de pesquisa para avaliar a adaptabilidade do trigo transgênico às condições tropicais brasileiras, acrescentou Lemainski.
Os primeiros testes da Embrapa com os materiais desenvolvidos pela Argentina Bioceres começaram em março do ano passado no Brasil.
O país, um grande produtor e exportador de soja, tem aumentado a produção local com trigo convencional, mas continua sendo um grande importador do produto da Argentina.
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