Ansiedade é uma emoção super natural. É a gêmea bivitelina do medo e estão sempre de mãos dadas por aí. O real motivo para a existência deles é tentar nos impedir de fazer algo insano, que nos coloque em risco ou nos mate.
Então, como algo tão bom e tão útil pode nos escravizar tanto? Vou contextualizar algumas coisas.
A ansiedade patológica é um excesso de futuro. Todavia não um futuro qualquer. Só aquele catastrófico, onde todos passam mal, perdem tudo e/ou morrem no final. Nos dias de hoje, todos somos um pouco de Allan Poe nos rascunhos das nossas mentes.
E, por fim, de onde vem toda essa tendência de antecipar?
Antecipar o caos é uma defesa do corpo, tentando te mostrar o que pode dar errado e te dando tempo para consertar o fim.
Quando o cérebro capta um determinado volume de informação, ele conta essa história mental pra você, para que então você aprove ou resolva.
Pra se ter uma ideia, no século XVI, uma pessoa vivia em média cinquenta anos e a quantidade de informação que essa pessoa era exposta nessas cinco décadas, é a mesma quantidade de informação que recebemos, hoje em dia, em uma semana. Um tanto assustador né?
Será que sabemos mesmo lidar com tanta informação? Repare que não falo em conhecimento, porque realmente são coisas bem diferentes.
Estamos, em resumo, na era das telas, muitas televisões, tablets, celulares, computadores e afins. Em paralelo, as redes sociais vem com tudo pra deixar o mundo mais atrativo, tragável e divertido.
O Problema
O Tiktok é aquele balde de pipoca sabor dopamina e endorfina, que você só para quando termina.
Uma geração inteira que dorme as duas horas da manhã e acha que ´prefere a noite´. Mas é só vício mesmo.
O problema não é o fluxo de informação, não é a internet, não é a globalização, não são as telas, não é o Tiktok e nem o Instagram.
O problema é você.
Sempre foi você.
Que não se conhece o suficiente para entender suas necessidades. Que vive a base de dor e prazer e constrói uma vida sem limites e cheia de antecipação de caos.
A ansiedade tem gosto de fel.
*Raquel Machado é psicanalista, mãe do Felipe e escritora nas horas vagas. Palestrante, M.A. em Neurociência, Analista Didata e uma entusiasta do comportamento humano.
Confira outros artigos da editora OPINIÃO clicando aqui.