Claudio Fernandes e Agência Reuters
Sob forte esquema de segurança em torno do prédio do TSE, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin foram diplomados presidente e vice-presidente da república, respectivamente, na tarde desta segunda-feira, em Brasília. Lula foi declarado vencedor do segundo turno das eleições presidenciais de 30 de outubro e a sua diplomação estava marcada para dia 19 de dezembro, mas acabou sendo antecipada. O resultado do pleito vem sendo contestado por apoiadores do atual ppresidente, Jair Bolsonaro, por conta de uma série de suspeitas de que a vitória do petista ocorreu devido a uma fraude eleitoral.
Os diplomas de Lula e Alckmin foram assinados pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes. No comando do órgão, Moraes esteve à frente de um processo eleitoral que foi cercado de acusações de falta de isonomia no trato de questões envolvendo os dois candidatos que chegaram ao segundo turno. Após as eleições, as críticas ao sistema de votação sem auditoria impressa, dentre outras, vem sendo silenciadas por Moraes com bloqueio de redes sociais, multas e ameaças. Todas as acusações e suspeitas são feitas por políticos eleitos, em exercício de mandato ou apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
Em seu discurso, Moraes fez exaltação ao que chamou de “estabilidade do estado democrático de direito”. Em seguida, fez longa explanação para, de maneira como ainda não havia falado explicitamente, justificar seus atos na presidência do TSE.
“A Justiça Eleitoral se preparou para combater com eficácia e celeridade os ataques antidemocráticos ao estado de direito e os covardes ataques e violências pessoas aos seus membros e de todo poder judiciário. Coube a Justiça eleitoral se preparar para atuar de maneira séria e firme para impedir que a desinformação maculasse a liberdade de escolha dos eleitores. O ataque à Justiça eleitoral vem sendo realizado de maneira intensa há uma década por parte de grupos extremistas e antidemocráticos. Não importa qual seja o mecanismo do sistema eleitoral, esses grupos criminosos pretendem, a partir da desinformação, desacreditar a democracia atacando os seus instrumentos” opinou.
AGRADECIMENTO E CHORO
Após receber o diploma, Lula cumprimentou Alexandre de Moraes e fez um discurso emocionado. A lista de agradecimentos e reverências foi longa, a começar por Dilma Roussef, presidente que foi retirada do cargo em 2016 após sofrer processo de impeachment.
“Antes de falar o que está escrito no meu discurso, eu queria dizer, companheira Dilma, companheiro José Sarney, companheiros deputados, senadores, ministros, juízes, que participaram da vigília em Curitiba, dirigentes partidários, Gleisi Hoffmann, em nome do meu partido, não é um diploma do Lula presidente, é um diploma significativo do povo que reconquistou o direito de viver em democracia neste país”, explicou.
Em seguida, sem citar diretamente Bolsonaro, Lula atacou o atual presidente e seus apoiadores: “A nação foi envenenada. Eles semearam a mentira a o ódio. E o Brasil colheu uma violência política poucas vezes vistas. A vitória nessas eleições não foi somente a de um candidato ou de um partido, mas de uma ampla frente democrática. Uma verdadeira frente ampla contra o autoritarismo”.
Com a diplomação, Lula e Alckmin ficam aptos a assumirem os cargos na cerimônia de posse, marcada para primeiro de janeiro. Na cerimônia desta segunda-feira, compareceram cerca de 400 pessoas ao TSE.
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